park avenue armory, 9 - 13.5.2024

tefaf: new york 2024

Tomie Ohtake
Sem Título, 1961

tinta óleo sobre tela
75 x 85 cm

sobre

A Nara Roesler concebeu para esta edição da Tefaf New York 2024, uma apresentação que inclui uma seleção de obras de mestres da abstração moderna da Europa e das Américas. Com um peso especial dado à presença de um grupo de artistas mulheres de destaque, ativas em ambos os continentes durante a segunda metade do século XX, como Gego, Amelia Toledo, Mira Schendel e Sheila Hicks, a apresentação também incluirá obras de Norberto Nicola, Abraham Palatnik, Tomie OhtakeHeinz Mack.

 

Desde a antiguidade, a ideia de marcas e a função das palavras têm sido reportadas ao conceito primitivo de ligação: legein, que significa dar nó, juntar, pegar e, por extensão, com seu poder de ligar o diverso, construir a metáfora ou vestir a metonímia, legein acabou significando também falar, dizer (logos). Não é um fato filológico insignificante que a própria noção de logos (pensamento) tenha sua raiz no grego arcaico legein.

 

Todo legein se traduz visualmente ou conceitualmente como uma trama, e todos os trabalhos desta seleção respondem ou ressoam com a ideia de trama. Todos são feitos de tramados, todos se traduzem como malhas, teias, entrelaçamentos e redes. Pode-se dizer que a trama está na origem das formas gráficas, incluindo palavras como gestos manuais humanos.

 

A exposição será estruturada por séries e ressonâncias transformacionais: A magnífica obra-prima de Gego - Reticularea Column, de 1969 - bem como seu magistral desenho esquemático e sóbrio Drawing without Paper #11, de 1976, serão exibidos em conjunto com a série única e nunca exposta de monotipias gestuais de Mira Schendel (ca. 1964), dedicada à sua amizade intelectual com Amelia Toledo, apresentando um ritornello gestual com o nome de Amelia representado como um entrelaçamento gráfico, resumindo, portanto, tanto a abstração quanto a escrita. As pinturas de Amelia Toledo que apresentam uma espécie de pinceladas em forma de treliça e suas sublimes colagens da década de 1960 - com uma densidade sutil de papéis que lembram sombras coloridas -, ao mesmo tempo em que ecoam o efeito de skiagraphia de Gego - a escrita de sombras lançadas por suas esculturas -, ressoarão vis-à-vis a presença de um livro litográfico igualmente único e fundamental dedicado por Gego à própria gênese formal das linhas (Lineas, 1966), indiscutivelmente um trabalho seminal na carreira de Gego, conforme declarado na recente retrospectiva do Guggenheim. Linhas, fluxos de cores e sombras são elementos básicos de treliça e esquemas potenciais para composições tectônicas e ópticas, como mostrado nas obras de Heinz Mack, Abraham Palatnik e Tomie Ohtake, também dos anos 1960-70. Por fim, ecoando a sutileza estrutural de Gego e o profundo senso de cor de Amelia Toledo, as treliças literais de Sheila Hicks - seu impressionante conjunto intitulado Talking sticks (2024), que faz referência ao logotipo como palavra e ao nó como linguagem - serão justapostas ao trabalho ainda não descoberto internacionalmente do mestre têxtil brasileiro Norberto Nicola.